É muito comum associar a figura do pai ao trabalhador, sério, sisudo,
guerreiro, preocupado somente em prover o lar de recursos para a alimentação, a
saúde, a educação etc.
Aqui nos ajuda o compositor/poeta Gonzaguinha:
Guerreiros são pessoas, são fortes, são frágeis. Guerreiros são meninos, no
fundo do peito... É triste ver um homem, guerreiro menino, com a barra de seu
tempo por sobre seus ombros. Eu vejo que ele berra, eu vejo que ele sangra, a
dor que tem no peito, pois ama e ama (...) Um homem se humilha, se castram seus
sonhos, seu sonho é sua vida, e vida é trabalho, e sem o seu trabalho, um homem
não tem honra, e sem a sua honra, se morre, se mata...
Assim, a figura do pai aparece como autoridade,
quando não como autoritarismo. Mas a verdadeira autoridade nasce de uma boa
relação afetiva entre pais e filhos. Ela não deve ser imposta. Daí a
importância de aprender com as crianças a dar valor às coisas que parecem não
levar a nada, como as brincadeiras, mas que aproximam e criam vínculos afetivos
para toda a vida. Penso que a dimensão lúdica e afetiva dos homens-pais foi
atrofiada em nossa cultura. Ela precisa ser despertada, sabendo que isso é um
acréscimo e não uma perda em relação a outras dimensões, como o trabalho, que
continuarão a ter o seu valor. É o pai, guerreiro e forte, mas também menino e
frágil.
Parabéns a todos os Pais!